quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Sobre a Dificuldade de se Expressar ou Sobre Meu Neurastênico Amor...
"Ég lamdi eins fast og ég get" (Eu golpeio tão rápido quanto posso)
Hoppípolla - Sigur Ros
Meu Amor é tapa é grito é força. Meu amor é violento virulento destruidor.
Peste.
Meu amor agride.
Meu amor explode em intermináveis silêncios verborrágicos. En-ta-la-a-a-dos. Engasga-a-a-dos.
Não me expresso mais sem perder partes de mim não me expresso mais sem cuspir sem invocar sem violentar sem agredir não me expresso mais sem este olhar rasgante que queima.
Não me expresso mais sem me extinguir.
Morro a cada a manifestação deste amor.
Morro a cada silêncio.
Morro a cada olhar.
Mas é este irreconhecível interminável dolorido doentio esquizofrênico neurastênico crônico amor que me mantém em pé. Que me move.
E que me destrói a cada dia.
*imagem Ato Performático (Maio de 2010)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Faux Départs
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Vertigem
State of emergency, how beautiful to be
State of emergency, is where I want to be
(Joga - Björk)
"Aquele que deseja continuamente elevar-se deve esperar um dia pela vertigem. O que é a vertigem? O medo de cair? Mas por que sentimos vertigem num mirante cercado por uma balaustrada? A vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio embaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual logo nos defendemos aterrorizados."
"No mesmo dia caiu na rua; seu passo tornou-se hesitante; caía quase todos os dias, esbarrava nas coisas ou, na melhor das hipóteses, deixava cair todos os objetos que tinha nas mãos.
Sentia um desejo irresistível de cair. Vivia numa vertigem contínua."
(A Insustentável Leveza do Ser - Milan Kundera)
*imagem "Calamity" de Ray Caesar
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Feliz Aniversário
"Apenas as palavras quebram o silencio, todos os outros sons já cessaram. Se eu fosse silencio, eu ouviria nada. Mas se eu fosse silencio os outros sons poderiam começar de novo, aqueles que as palavras me fizeram surdo, ou aqueles que realmente cessaram. Mas eu sou silencio, e as vezes acontece, não, nunca, nem um segundo. Eu choro muito sem interrupções. É um fluxo inquebrável de palavras e lágrimas. Sem pausas para reflexão. Mas eu falo suavemente, cada ano mais suave. Talvez. Mais devagar também, cada ano um pouco mais devagar. Talvez. É difícil pra mim julgar. Então a pausa poderia ser longa, entre as palavras, as sentenças, as silabas, as lagrimas, eu as confundo, palavras e lágrimas, meu mundo são minhas lágrimas, meus olhos, minha boca. E eu deveria ouvir, a cada pequena pausa, se é o silencio eu digo, quando eu digo que apenas as palavras o quebram."