"Exilados são pessoas desenraizadas que buscam desenraizar tudo à sua
volta para criar raízes. Fazem isso espontaneamente. O mesmo processo
ocorre com os vegetais, o que pode ser observado quando se replanta uma
árvore. Ocasionalmente, o exilado terá consciência do lado
vegetal/vegetativo do seu exílio. Talvez ele descubra que o ser humano
não é uma árvore. E que a dignidade humana consiste precisamente em não
ter raízes. Que o ser torna-se humano somente quando arranca as raízes
de vegetal que o prendem à terra. Existe uma palavra negativa em alemão:
Luftmensch (literalmente, pessoa aérea). O exilado talvez descubra que
ar e espírito são conceitos muito próximos e que Luftmensch talvez
signifique pura e simplesmente humano."
*trecho do ensaio "Exílio e criatividade" retirado de "The Freedom of the migrant", de Vislém Flusser.
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