quarta-feira, 20 de março de 2013

Falar desse projeto é falar da minha infância.
É falar sobre ossos quebrados, Dr. Michel, amigdalite, bronquite, bombinha de respiração, rinite, sinusite, inalação.
Pronto socorro, pronto atendimento,hospitais, enfermarias, joelhos ralados, curativos, hematomas, homeopatia, mais inalação.
É falar de uma infância muito bem aproveitada. Ao extremo. Com todos os tombos, os "roxos", as lágrimas e os ossos quebrados (mais uma vez).
Uma infância com mercúrio escorrendo pelos joelhos e cotovelos e de bandaids coloridos espalhados pelo corpo. É falar de luxação, pontos e várias cicatrizes.
É falar de amor. De ser cuidada.
Falar desse projeto é falar de minha adolescência.
Falar sobre hematomas de uma garota desastrada, rinusinusite crônica, torsões e lesões. É falar de um tumor no femur e três cirurgias nos joelhos. Oncologistas, fisioterapia, hospital, enxaqueca, desvio de atm, soro, princípio de pneumonia, desvio de septo. Traumas. Cirurgias. Mais cicatrizes (nem sempre visíveis).
É falar sobre um corpo que não é perfeito. É falar de dietas malucas e da busca (frustrada) por um corpo seguindo o padrão. É falar de aceitação pessoal. Estrias, celulite, cabelo colorido, piercing, tatuagens, cicatrizes e entender a importância de tudo isso pra me construir como pessoa.
É falar de ressonâncias magnéticas, injeções de contraste, pós operatório e mudanças bruscas. De amores, de lugares, de humor, de pensamentos.
É expor todos esses "defeitos" e transforma-los em arte.
É expor meus traumas e minha insegurança. É me expor pra falar de fragilidades que não são só minhas.
É tentar criar poesia da dor, sem a presença da dor.
É falar de escolhas, de libertação.
É nostalgia. E tem sabor de inalação.
E eu ainda gosto disso.

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